Na tarde da sexta-feira (29), fomos impactados com uma notícia triste para nossa cultura literária, faleceu o multifacetado escritor e jornalista moçambicano, Calane da Silva, porém, em sua trajetória de vida, nos deixou um tesouro riquíssimo por sua história e obra poética.
O poeta perdeu a vida aos 75 anos de idade, na unidade hospital geral da Polana Caniço em Maputo, capital moçambicana, após apresentar-se gravemente devido às complicações causadas pelo novo Corona Vírus (covid-19), salientamos que anteriormente o pilar da cultura moçambicana, passou pelo Instituto do coração, onde não foi recebido devido à falta de espaço. Uma triste situação.
O escritor Raul Alves Calane da Silva, mais conhecido por Calane da Silva, nasceu em Lourenço Marques, atual cidade de Maputo, Capital Moçambicana, aos 20 de outubro de 1945. Ele foi um verdadeiro pilar na história Moçambicana, contribuiu de forma formidável para a cultura e academia na lusofonia.
Em sua brilhante trajetória, licenciou-se em ensino de língua portuguesa pela Universidade de línguas da Universidade pedagógica de Maputo, Moçambique. Mestre e doutorando em linguística portuguesa, vertente lexicologia, pela Faculdade de Letras da Universidade de Porto.
Foi professor na Escola Superior de Jornalismo. Lecionou na Escola Portuguesa em Moçambique. Foi monitor finalista de literatura portuguesa e brasileira, professor de literatura africana em língua portuguesa e didática da literatura na Universidade pedagógica em Maputo.
Estreou-se como jornalista em 1969, chegando a alavancar sua carreira em 1991. Em sua vida profissional, exerceu a função de redator e editor chefe dos principais órgãos de informação em Moçambique, tornando-se co-fundador e chefe de redação da revista tempo. Foi chefe de redação no período matinal do jornal notícias do semanário domingo, em Maputo e administrador da televisão de Moçambique. Também delgado-adjunto da agência lusa e correspondente, Moçambique, do jornal do porto, Portugal.
Como homem da cultura, Calane, publicou vários livros de estatuto acadêmico investigativo e obras literárias, sem deixar de fazer menção a vários livros e obras plásticas de artistas nacionais e internacionais, que tiveram à oportunidade de seus livros serem apreciados, prefaciados e apresentados por ele.
Em sua trajetória, foi diretor do Centro Cultural Brasil em Moçambique, 2006-2012. Membro fundador da associação dos escritores de Moçambique. E também membro do Instituto Internacional de língua portuguesa, um órgão que pertence a CPLP.
Em 2011, alusivo à ocasião do dia do Diplomata, foi condecorado em Maputo com a comenda do Rio Branco. No mesmo ano, no dia 22, foi o grande vencedor do prêmio José Craveirinha, instituído pela Associação dos Escritores de Moçambique – AEMO, este que é um dos maiores galardões de literatura moçambicana, salientar que este prêmio trouxe um destaque a sua carreira literária.
De suas obras literárias mais marcantes, são:
Poesia: Dos meninos da Malanga em 1982
Conto: Xicandarinha na lenha do mundo em 1988
Romance: Nyembêtu ou cores da lágrima em 2008
Infantil, (prosa e poesia);
– Gota de sol: a manifestação da palavra
– Pomar e machamba ou palavras 2009
– O João a procura da palavra poesia 2009
E muitas outras contribuições, como produções próprias e participações com outros autores, que fazem parte do contexto literário nacional e internacional, por sua brilhante passagem por aqui, mostrando ser um homem visionário.
Por Matilde Cossa | Luiz Nascimento
Pela Rádio Internacional em Português, a rádio que fala a língua dos povos.