Estamos no início de mais um ano, junto a ele o desejo de novas conquistas.
Talvez esse ano eu consiga realizar o que não consegui no ano passado.
Como qualquer outro começo de ano, muitas expectativas e projetos.
As esperanças se renovam e a alegria de poder vivenciar mais um ano toma conta de todos.
A fé que esse ano será melhor que os anteriores, que os novos 365 dias em branco seriam escritos de uma forma mais leve, trazendo luz para esse povo tão sonhador.
Infelizmente não foi dessa forma, a natureza tinha outros planos.
O ano era 2010, o país Haiti. Era final de tarde, não existia nada de anormal, pessoas estavam nas ruas, crianças e jovens saiam de suas escolas, comerciantes vendiam suas mercadorias, enfim.
Um fim de tarde normal, com crianças se divertindo nas calçadas.
Eram exatamente 16h:53m:10s horas, a mãe natureza nos revela seu plano pra esse início de ano.
O sismo do Haiti de 2010 foi um terremoto catastrófico que teve seu epicentro na parte oriental da península de Tiburon, a cerca de 25 km da capital haitiana, Porto Príncipe, foi registrado às 16h53m10s do horário local, na terça-feira, 12 de janeiro de 2010.
Pegando aquele povo de surpresa, sem dar nenhuma chance de defesa.
Um povo que já era castigado pela exploração, sedentos por liberdade, padecentes pela pobreza e famintos por justiça.
O som de muros caindo e uma poeira branca se levanta da terra. O silencia das ruas dá lugar a gritos de desespero e dor, são gritos de clamores de mães que perderam filhos, filhos que perderam pais, pais que perderam suas esposas e esposas que perderam seus maridos. Um desespero coletivo tomava conta dos corações outrora cheios de alegria, esperanças e fé.
Choros não são contidos, a dor é compartilhado por todo o mundo. Os meios de comunicação noticiam a tragédia. Aqueles que antes nunca ouvira falar sobre aquele país chamado Haiti, passa a conhecê-lo.
O país mais pobre da América, até então invisibilizado por todas as mídias, se torna a pauta principal. O mundo então se comove pelas cenas que jamais saíram da memória do povo caribenho.
Hoje 12 de janeiro de 2021, onze anos se passaram, o Haiti e seu povo forte e destemido se refazem. Muitos acreditavam que jamais seria capaz de superar um massacre tão brutal, a mãe natureza usou toda sua ira contra um povo cuja dor, a humilhação e o esquecimento mundial já havia dado sentença de morte.
O que o mundo não sabia é que aquele povo abandonado e esquecido por todos, tem uma força imparável. Um povo resiliente, corajoso e persistente. Uma nação inteira se refaz das cinzas e ressurgem, ensinando ao mundo que a força está em ser, e não em ter.
Haiti não é apenas o país devastado por um terremoto, o Haiti é o país de um povo guerreiro, é o país que honra suas culturas, com uma nação rica de tudo que o dinheiro não pode pagar, agraciada com as belezas naturais, suas montanhas enriquecem as paisagens, cercando o país como muralhas naturais.
Então posso afirmar que 12 de janeiro faz parte da história do Haiti, mas não o define. O povo desolado pela destruição, hoje vivencia a reconstrução. 12 de janeiro não foi capaz de paralisar, não foi capaz de terminar e muito menos de ditar o destino do Haiti. 12 de janeiro não foi capaz de apagar a luz daquela nação incrível, que vive pra sonhar com dias melhores e que quer ser vista além da destruição, quer ser conhecida pela sua força, por ser um povo lindo e acolhedor, cheio de brilho e amor que jamais deixa se abalar.
A nação haitiana levanta todos os dias pra recomeçar, fazem onze anos e parece que foi ontem.
O Haiti está de pé, sua nação luta a cada dia e é exemplo pra todos nós.
Um abraço saudoso pra todas as famílias que perderam seus entes queridos, o mundo se orgulha da força desse povo e os tem como referência.
Por: Mah Silva
Colaboradora brasileira da rádio internacional em português.
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