Diante da tela assistíamos a um dos programas de entretenimento mais vistos na história da televisão angolana, Janela Aberta, transmitida pela Televisão Pública de Angola, que trouxe, naquela edição de sexta-feira, dois “monstros” do Kuduro que falaram no entanto sobre este estilo musical e de dança. Um estilo por muitos marginalizados, talvez como o funk no Brasil, parecido, mas não igual.
Para os mais novos pode parecer que sempre foi assim, mas a verdade é que nem sempre o Kuduro teve espaço nas televisões, hoje, por exemplo, temos um canal exclusivo para o estilo, “Be Kuduro”. Nos dizeres de Virgílio Fire, “houve barreiras” até que o estilo fosse parar na televisão, em síntese, o estilo estava “disperso”, tal como diz Tony Amado. Passados algum tempo, Tony Amado reconhece que houve músicas que fizeram mal ao estilo, com conteúdos essencialmente obscenos, revelando-se, assim, um contraditório temporal relativamente aos modos de composição menos liberal da época.
Tony Amado, considerado o rei do Kuduro – apesar de outros defenderem que o mérito se dá a este pelo facto de ser o primeiro a usar a palavra “Kuduro” simplesmente – , é autor e produtor da música “Jacobino”, um heat criado e produzido por Tony Amado e cantado por Sebem (entre 1998 e 1999). Sebem é outro monstro que na história do Kuduro o seu nome nunca deve ser descartado, muito também pelo trabalho desenvolvido em torno da conexão antiga e nova geração de kuduristas.
Tony Amado quando se movimenta de Malanje para a capital de Angola, Luanda, se instala no bairro Mártires (também bairro de Virgílio Fire) onde começa a produzir os beats. Sebem lembra da música “Amba Kuduro” em que Big Nelo, cantor de RAP, pôs a sua voz na música de forma camuflada, pelas razões de marginalização que existia na época (e que existe até nos dias de hoje por parte duma minoria) mas que, por outro lado, serviu de incentivo para a colocação e dinâmica da rima no estilo Kuduro.
Do Alvalade ao Cazenga – Por mais que pareça que o estilo é originalmente dos musseques, das periferias e das localidades de pouco fluxo económico, a verdade, entretanto, é que o Kuduro teve os seus primeiros passos no centro urbano e se desenvolveu no guetto, a posteriori.
Dentre vários nomes citados, anotamos alguns nomes os quais ambos os convidados são unânimes em apontar como sendo os “reis dos Beats de Kuduro”, são eles (os nomes podem estar escritos não conforme): Betro Markx, Bruno de Castro, Rey Weba, Dj Malasse, Dj Kilamum, Rei da Nace, Queima Bilha, Carliteira e Dj Kilamo.
Por: David Nahenda
Pela Rádio Internacional em Português
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